E não é que eu precisei ser mãe pela terceira vez para saber o que é ter que correr com um filho para uma emergência de hospital?
Quer dizer, mais ou menos…. Verdade seja dita, com quase um ano de vida e muito fogo na fralda, Erik comeu carvão da lareira uma vez e eu fui obrigada à ir com ele para o hospital. Só que eu sabia que não tinha sido nada grave e só fui mesmo porque o nosso médico na época (que era mais desesperado do que mãe de primeira viagem) sugeriu que eu fosse, e eu, mãe de primeira viagem, fui.
Só que agora amore, eu sou mãe descoladona, relax, super zen, quase hippie: caiu a chupeta no chão a gente lambe, comeu carvão a gente dá graças-a-deus que não vai precisar fazer jantar. Então para me desesperar o negócio precisa ser punk. E foi.
Na quinta-feira passada, véspera de feriado, fiz a Lia dormir nos meus braços (balançando, andando, dando tapinhas no bumbum, fazendo “shuuuuu shuuuu” e dançando a macarena) por uns 40 minutos. Como faço todos os dias dessa vida. Fazer o quê se a pequena não realiza que eu tenho outros dois filhos para cuidar? E como todos os dias dessa vida, quando finalmente ela dormiu eu cui-da-do-sa-men-te a coloquei no sofá protegida pela almofada de amamentação (cuja única finalidade é essa mesmo), uma operação que leva em média 25 minutos para que ela não perceba a malandragem materna (mas na maioria das vezes ela acorda e chora como se tivesse sido sequestrada pela Nazaré Tedesco), e corri para fazer xixi e trocar a fralda da Elena antes dela acordar (se a manobra for bem sucedida ela fica ali deitada entre 8 e 10 minutos antes de chorar como se tivesse sido sequestrada pela Nazaré Tedesco).
Dessa vez deve ter levado 1 minuto e meio.
Eu, sentada no chão com Elena, de costas para o sofá só ouvi o barulho. Lia tinha caído de cara no chão e imediatamente começou a gritar desesperadamente. Quando peguei no colo vi que o nariz estava inchando, ficando roxo e sangrando. Sangue, gente. Sangue saindo do nariz do meu bebê de 3 meses.
Daí eu fiz o que qualquer mãe equilibrada faz nessa hora: liguei chorando para o marido perguntando o que fazer. “Corre para o médico”. Corri para o médico. Daí o médico fez o que que qualquer mãe equilibrada espera que ele faça nessa hora: liga para o hospital e diz que não sabe o que fazer (sério). “Corre para o hospital”, disseram no hospital. “Corre para o hospital”, disse o médico. Corri para o hospital.
No hospital, ainda bem, ninguém chorou ou não sabia o que fazer, além de mim. Lia foi examinada por um pediatra, um neuro e um cirurgião. Tudo indicava que ela só tinha mesmo machucado o nariz, possivelmente quebrado (o protocolo aqui é não mexer no nariz com suspeita de fratura antes de 3 dias)
Por precaução tivemos que interna-lá por 24 horas.
As 24 horas mais longas da minha vida.
Passei a noite numa cadeira ao lado da cama dela. Dei muito colo e me senti a pior mãe do mundo. Ela foi monitorada a noite inteira e eu consolada (desconfio que eu tenha dado mais trabalho).
Hoje, quase uma semana depois, Lia está ótima. Não sobrou nem uma marquinha para contar história, mas por precaução já estou fazendo uma poupança para uma cirurgia plástica no nariz.
Decidi também que ela vai dormir só no meu colo até os 18 anos e estou considerando até embrulhar em plástico bolha, sabe? Porque, ó, outro susto desse eu não mereço, não.
N.
PS. a mãe de humanas não sabe fazer conta: 6 dias sem acidentes, gente! 6, não 7!